Realidade e versão. O DAT é uma enganação.

Ao pensar nossas atitudes e preparar nossas ações lançamos mão de dados reais em nossa vida. Não damos conta do conjunto de decisões que tomamos a cada hora e a cada dia. Do despertar ao adormecer de um dia de trabalho, de estudos, de lazer, de folga, de cotidiano, enfim de nossa existência, estamos frente a frente com uma realidade de vivência e sobrevivência que é indiscutível em nossas mentes, em nossa percepção e em nossos sentidos.

Nosso velho e querido Karl Marx chama isto de condições objetivas da vida. Segundo ele, o cotidiano do homem e da mulher, deveria estar em sintonia com a realidade, e numa dinâmica concreta, deve criar as condições necessárias para garantir a vida e a existência humana.

Contudo, segundo Karl Marx, dentro da lógica das relações de produção capitalista, existe um afastamento do homem e da mulher desta realidade. Este afastamento ocorre por conta de uma interpretação equivocada dos princípios fundamentais da realidade. Este "interpretar" encontra guarida em um modo de pensar e perceber a realidade denominada por ele de  ideologia dominante.

Criar uma versão sobre as coisas da vida, de nossas relações, de nossa história, de nossa existência é natural do modo de comunicar humano. Cada um sempre comunica aquilo que percebe, aquilo que vê ou aquilo que sente.

Este comunicar, profissionalizado nos dias de hoje em nossa complexa sociedade, sempre esteve presente e enraizado em nossas comunidades. Desta capacidade de comunicar nasceram as tradições, formaram-se as culturas, evoluiram-se as linguagens, outras morreram, outras ainda irão nascer.

A comunicação das percepções deixa de ser versão, e passa a estar mais próxima daquilo que efetivamente é real, quando podemos experimentar e fazer repetir os fatos e as próprias interpretações sobre tais.

Repetir fatos, hoje sabemos, é algo impossível. Para um observador distraido, todos os dias podem parecer iguais. Os penaltis perdidos pelos jogadores brasileiros no jogo contra o Paraguai na Copa América, podem parecer iguais. Contudo, ao debruçarmos sobre os fatos, que são novos a cada momento, e a cada momento são atualizados, entendemos que a máxima de Heráclito de Éfeso, pemanece: "nenhum homem pode mergulhar duas vezes no mesmo rio".

Mesmo nos complexos processos automatizados em nossas máquinas e computadores, a cada ciclo, ocorrem resultados que admitimos iguais. Mas na verdade são produtos que se aproximam daquilo que determinamos e aceitamos como igual. Contudo, para um crivo exigente, são fatos que apenas se aproximam, pois são novos e, podem e devem, com o rigor de nossa percepção, interpretação e análise, serem novamente interpretados e atualizados.

Não queremos aqui colocar em cheque o conceito de identidade, na verdade queremos aprofundá-lo. Pois viver nossa humanidade, e vivê-la na plenitude, significa poder a cada momento "saborear" tudo que nos rodeia.

Afinal não somos A ou B.
Nem somos x=0.
Somos sim sujeitos,
construimos nossa história.
Somos mais de seis bilhões.
Somos pessoas.
Todos, se quiserem,
sujeitos de uma construção.
Protagonistas de uma realidade,
seja em Suzano ou em Poá.
Seja aqui ou seja acolá.

Por conta disto tudo, lamentamos por todos que possam abrir mão de seus momentos. Pena deixarem passar o presente. Não viverem cada segundo. Estranharem-se no próprio espelho e buscar viver um ontem que, por mais valioso que tenha sido, não existe mais.

Torna-se mais grave esta situação, quando vemos jovens jornalistas, deixarem-se impregnar por uma disputa ideológica, que se diferente  fosse, trariam para si a possibilidade de serem sujeitos de sua própria vida. Mas sob a lama e a extorsão isto seria impossível.

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