No princípio era o Verbo. Agora é a morte também no verbo: "suzanificar"

Uma rápida "análise" sobre os "suzanificadores".

Na organização do PT em Suzano, também em Poá, aprendemos muitas coisas. A cavalar experiência de vida que somos brindados a cada momento, seja em nosso dia dia de simples mortais, seja na experêrincia de governar, seja no aprofundamento do significado de nossa militância e na apreciação da experiência de valorozos companheiros, obrigatoriamente, saboreamos as alegrias e as tristezas deste momento histórico que vivemos: na ousadia de avançar ao vivo e a cores em nossa humanidade, rica e falha, mas teimosa e comprometitda, dá para ficar extasiado, e como uma criança, prevendo que ocorre, aqui e agora, todo o infinito, e "um eterno retorno".

Mas deixando a solidariedade fluir e o diálogo com a realidade exercitar nossa capacidade de contemplação, entres várias evoluções e retrocessos, infelizmente um retrocesso me chamou a atenção e feriu fundo  "n' alma".

Ferir fundo n'alma
é constatar uma realidade
que afronta e dói,
avassaladoramente,
de modo profundo,
suzanificadores
ponteagudo e rompedor ,
capaz de penetrar,
cruel e vivissecante
nosso corpo militante.

Da capacidade e da missão,
humana e transcendente,
de organizar com a natureza,
nascida e permanente,
nossa cultura contigente,
no tempo e no espaço,
apropriamos a palavra,
partilhamos o discurso,
traduzímo-lo em projeto,

Como diz o evangelista,
no início era o Verbo.
Se fez carne.
Penso eu que se fez vida.
Mas na vida vivida,
sinto a morte corrupta,
matando um sonho de gente,
que de homem e mulher,
ousou viver diferente.

Salve nossa ousadia,
para aprofundar valores,
enfrentar o protofacismo,
de objetos opressores,
travestidos de salvadores,
se chamam de paizão,
suzanificadores.

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Tolerância zero ao protofacismo.


por Por RAYMUNDO DE LIMA
Professor do DFE-UEM e membro da BFC-Centro de Psicanálise, de Curitiba
A ascensão de Berlusconi na Itália, de J. Haiden na Áustria e de seu cínico Partido da Liberdade, a tentativa de encontro dos simpatizantes de Hítler no Chile cuja história foi manchada pelo fascismo de Pinochet; a tentativa de "limpeza étnica" e as atrocidades dos sérvios contra os kosovares, a atitude de Israel frente aos povo palestino, a recente medida imposta pelo Taleban que controla o Afeganistão obrigando a minoria não islâmica a usarem uma marca de 'não cristão' na roupa. Adiciona-se ainda, a intolerância contra imigrantes pobres na Europa e nos EUA, a escravidão e o genocídio de povos da África, ontem e hoje, também a atitude repressiva da China contra o povo do Tibet, o sistema de castas que ainda vigora na Índia, os afro-descendentes que são ínfima minoria nas nossas universidades, polêmica acontecida na Conferência da ONU contra o racismo, em Durban, África do Sul, são alguns sintomas da movimentação política e ideológica de nossa época que preocupa qualquer pessoa minimamente informada sobre o que é e o que foi a experiência do ódio racista, nazi-fascista na Europa, no final da década de 30, atravessando toda 2a. Guerra Mundial. Atualmente, o retorno do ódio terrorista, inaugura uma nova modalidade de holocausto de inocentes, certamente um fascismo de fundo messiânico que não quer tomar o poder mas destruir quem ocupa qualquer posição de poder e, por isso mantêm-se inimigo invisível.
No entanto, observa-se que em nossa época muitos chamam indistintamente qualquer atitude autoritária de nazista ou de fascista. Na comemoração dos 500 anos de Brasil, o letrado presidente FHC qualificou de fascista a atitude do MST de tentar atrapalhar a festa. Nos anos 70, era freqüente a direita pretender "queimar" alguém de projeção espalhando que ela era comunista, ou fascista, ou gay, e, hoje, no meio intelectual, chamar alguém de fascista por uma ou outra atitude que nem sempre merece tal marcação, causa constrangimento entre outras conseqüências.
Inicialmente, é necessário esclarecer que uma coisa é o nazismo e outra é o fascismo. Pela complementação histórica e ideológica de ambos, as vezes usa-se "nazi-fascismo" ou, ainda, fala-se de organização do estado nazi-fascista. Embora, muitos pensam o fascismo somente como um regime de Estado, hoje, ele está pulverizado nas relações humanas do cotidiano. Numa mesa-redonda em 1980, no Rio de Janeiro, o psicanalista Narciso Mello Teixeira sinalizou que o fascismo não é perigoso apenas quando se torna fascismo de Estado, mas também quando é praticado nas violências invisíveis e sem sangue que acontecem no dia a dia. É fato que, ninguém se responsabiliza pelo seu ato fascista. Ninguém gosta de assumir seu lado fascista - que inconscientemente qualquer um pode estar reproduzindo - porque há mecanismos psíquicos que vem em socorro, quer para renegar suas idéias, ou sentimentos ocultos, quer para sustentar um auto-engano sobre um ato escapado em relação ao outro diferente.
Houve um tempo em que o fascismo fazia a apologia da guerra, do homicídio. Tudo era-lhe válido, inclusive o derramamento do sangue, para se chegar ao poder. (Diferente do terrorismo que é sangrento e não tem projeto político de chegar ao poder). O protofascismo de nosso tempo pós-moderno mudou de tática. Em vez de visar o rápido efeito violento, o protofascismo é calculado em termos de microviolências cujos efeitos danosos acontecerão à médio e longo prazos; também está presente através do marketing (comercial ou da fé religiosa) onde manipula o desejo das pessoas, (o espaço religioso fundamentalista é o solo fértil do protofascismo atual) mas também ele goza em pulverizar o mal-estar entre pessoas, semear a confusão de idéias, fazer da contradição e do paroxismo um empreendimento de efeitos hipnóticos. Ou seja, há uma única maneira de ser nazista, mas há várias maneiras de ser fascista. 
Como identificar o protofascismo em nosso meio


Preocupado com a ascensão do fascismo na Europa, denominado de "nova direita", o pensador e semiólogo italiano, Umberto Eco, já em 1995, em artigo intitulado A nebulosa fascista, (Folha de S. Paulo-Cad.Mais! 14/05/95) propôs 14 pontos que visam distinguir o nazismo do "protofascismo" na sociedade contemporânea. (O "proto" refere-se aos sinais de um início ou os sintomas de ressurgimento do fascismo em nossa época). 
A seguir, apresentamos 8 distinções entre ambos, baseados em U. Eco, S. Beauvoir, S. Sikek, entre outros da bibliografia consultada. 
1) O nazismo tinha uma teoria das raças, do povo ariano naturalmente escolhido para mandar nos demais, era anti-cristão e se apropriava de  uma filosofia materialista. Para Hitler, a decadência da civilização proviria obrigatoriamente do cruzamento de raças, portanto, sua solução era que a humanidade fosse dividida segundo as raças, onde haveria de fundar o Übermenshc (super-homem). Seu regime político era necessariamente totalitarista. Já o fascismo mesmo não sendo inteiramente totalitário, era um sistema de força que deixava a população dividida, entre os partidários da truculência e os pressionados a passar para o lado dos fortes, senão seriam perseguidos. Tanto faz se o fascismo for de estado, de uma instituição, de grupos ou indivíduo, sua atitude é fundada na intolerância, na perseguição aos diferentes e termina gerando efeitos traumáticos sobretudo naquelas pessoas que são despossuídas de poder. A tolerância é uma virtude que "tem certos limites, que são os de sua própria salvaguarda e da preservação de suas condições de possibilidade" (Comte-Sponville, A., 1995, p. 173-89). 
Assim como não se pode ser tolerante com o criminoso, também não se pode ser tolerante com quem é intolerante. Karl Popper, observa que há um paradoxo da tolerância: "Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes [e protofascistas]e se não defendermos a sociedade tolerante contra esses assaltos [agressões, abusos de poder, terrorismos], os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância". Portanto, ser tolerante para com o protofascismo e seus agentes - que são fudamentados na intolerância aos diferentes no modo de ser, de pensar e agir - é, pois se oferecer ao aniquilamento enquanto virtude e pessoa existente. 
2) Um traço protofascista é o "culto da ação pela ação". A ação fascista é beligerante e carece de reflexão prévia, logo, é uma ação de fundo irracional ou passional e imprudente. O fascista não fala, age e faz discursos. Quer dizer, nele some a pessoa - que fala - para dar lugar ao discurso político em nome de alguma causa. O discurso que a engendra costuma vir em forma de razão e moral cínicas, de moralismo e legalismo positivista. Segundo S. Sizek, a "razão e a moral são cínicas" na medida em que eles sabem que fazem um ato mau, mas mesmo assim argumentam sobre a "justeza" e a "humanidade de seus atos". Sua denúncia não é baseada na justiça, mas no seu próprio sentido de justiça que visa prejudicar alguém, por vezes fazendo uso da delação, da palavra ferina, de insinuações e alusões e até pode usar de agressão física num momento de descontrole. (No caso do terror, a violência extrema é calculada racionalmente, portanto, não se trata de um ato louco, mas de um ato perverso). O protofascista, procura justificar que seu ato foi "para o bem coletivo...", "para evitar a decadência estética das artes...", "para evitar um mal maior" ou ainda como era freqüente nos tempos da ditadura: "para salvar a nação dos comunistas, da corrupção, dos gays", etc.
3) Enquanto o desacordo é sinal de diversidade, o protofascista pretende alcançar o consenso explorando o medo e a angústia das pessoas. O ambiente de trabalho, por exemplo, é lugar escolhido para gerar intrigas, divisões. Há estudos que trabalham com a hipótese de que espaços movidos pelo espírito protofascista produz mais esquizofrenias paranóides que os outros. Assim como existem seres humanos "terapêuticos", que fazem bem aos outros, também há personalidades perversas que tem a capacidade de causar desarmonia social, desequilíbrio psíquico e atravancar o andamento de projetos, desenvolvendo: desconfiança, ressentimento, inimizade, sensação de pavor, de perseguição ou paranóia.
4) Não importa se a ideologia "oficial" do grupo é nazi-fascista, anarquista, ou até mesmo socialista ou ecologista, a tática protofascista pode intencionalmente ocupar todos os espaços para fazer sua política de "tudo vale". Os indícios vão desde slogans do tipo "Brasil: ame-o ou deixe-o" (lembram do período Médice?), também, posicionamentos do tipo "quem não está conosco, está contra nós" (comuns em assembléias de decisões). Por vêzes, as atitudes moralistas ou legalistas "da letra" podem esconder interesses ocultos de ânsia pessoal pelo poder ou de gozo perverso em sustentar a atitude de beligerância. 
5) A estrutura psíquica do protofascista tende a ser perversa e narcisista. "Perversa" porque são incapazes de amar outra pessoa e respeitar a lei que fundamenta a convivência humana e "narcisista" porque "acha feio o que não é espelho"; quanto patológico, o narcisista rejeita tudo que é diferente (idéias, opiniões, crenças, valores, modo de agir e de ser) e somente aceita o que é seu igual. Há patologia no seu ato de olhar que sempre acha alguém ou grupo como "mau". Para o nazista, o narcisismo está em atribuir a culpa de tudo de ruim na economia e na sociedade aos judeus. Hoje, o fascista pensa que aqueles que não se enquadram exatamente nas idéias, crenças e valores que ele acredita, devem ser queimados, eliminados socialmente ou fisicamente. A vontade de poder do nazismo e a intolerância do fascismo tem repugnância pela compaixão ou empatia que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir-se na pele do outro e sofrer com ele. (O mesmo posicionamento do fascista acontece com o terrorista, com um diferencial: sua causa é o gozo místico que está acima da vida dele e de todos, não há compaixão, não há empatia, só fanatismo). É próprio da estrutura perversa e narcisista do protofascista: a dureza de caráter, a frieza de espírito, a indiferença, a secura no coração, a insensibilidade diante de um necessitado e sua tendência a falar mal dos que não se adequam à sua camisa de força moral. São os agenciadores das fofocas e da politicagem. Goebbls, o ministro da comunicação de Hitler, dizia que "uma fofoca é uma mentira que repetida várias vezes, terminam virando verdade". 
6) O protofascista, acredita [delira] que está em marcha uma conspiração, uma rede secreta de conspiração. Os supostos inimigos podem ser os comunistas, os negros, os gays, as mulheres que estão subindo ao poder, todos aqueles que recusam a fazer pacto cego com ele, são vistos como os "do mau". Sua visão de mundo maniqueísta divide-se entre os que representam "o bem" e os que representam "o mau". Um fascista costumava dizer: "Quem não está do nosso lado é contra nós". É notável seu desprezo pelo pluralismo de idéias, a incapacidade pelo diálogo e debates de idéias. Eles pensam que estão sempre do lado do bem e da verdade absoluta. O protofascista vive a fantasia de ter sido eleito pelo divino para fazer o bem. Seu ideal e ação são messiânicos. (Nesse sentido, tanto os EUA, como os terrorista tem algo em comum: o messianismo delirante - escrevo esse adendo após os ataques de 11/09/01, em Nova York). Segundo U. Eco, os fascistas estão condenados a perder suas guerras porque são visceralmente incapazes de avaliar objetivamente a força do inimigo. 
7) Para o protofascista, "não há luta pela vida mas vida pela luta". Acredita que o homem é o lobo do homem, a vida é uma luta em que vencem os mais fortes. Vivendo em estado de guerra permanente, ele vê o pacifismo como fraqueza ou simplesmente um mal na sociedade atual. Umberto Eco chama de "complexo de Armagedon", porque há nele a crença de que haverá uma batalha final para derrotar de vez os inimigos, após o qual o movimento controlará o mundo. Após a "solução final", haverá uma Era de Ouro, o que contradiz com o princípio da guerra permanente no fascismo. Enquanto a Era de Ouro não vem, alguns poucos fascistas escolhem viver perigosamente o gozo da luta política. Mussolini, símbolo número um do fascismo, que se aliou a Hitler na 2a. guerra mundial e que acabou pendurado de cabeça para baixo, exposto à execração pública dos italianos, tinha como lema de vida "vivere pericolosamente". Dizia: "Prefiro um dia de leão a mil de ovelha".
8) Para além das idéias de Umberto Eco, observamos que o protofascista é movido pelo esquizo-paranoidismo. Por exemplo, em casa tende a ser uma pessoa de convivência harmônica, aparentemente equilibrada, mas quando está com seu grupo de iguais ideológicos, entra em "transe grupal", isto é, alucina um campo de batalha onde se oferece aos imperativos da gestalt do grupo, como um soldado, uma bestasfera agressiva, intriguenta, e suicida, enfim, abdica de sua identidade pela "causa" mítica. Alguém disse que tais pessoas são tomadas pelo "espírito de Torquemada" (inquisidor espanhol que mais matou em nome da 'santa inquisição') ou pelo "estilo Goering", o segundo homem após Hitler, que na intimidade era bonachão, amante das artes e da cultura, mas no trabalho colocou sua inteligência na invenção dos campos de concentração e no extermínio em massa dos não arianos. (Esse estado de "transe" poderia ser coletivo e vingativo; uma vez que é puramente passional poderia causar efeitos extremamente imprevisíveis, tanto homicidas como suicidas. É só dar uma olhada na história das guerras).
Uma vez terminada a ditadura militar, no Brasil, de clara orientação fascista, lamentavelmente ainda sobrou seus efeitos camuflados entre diversos grupos sociais, tal como aquele que ensaiou um movimento separatista no sul do Brasil. Na convivência cotidiana, os protofascismos estão expressos nos assédios morais, nos discursos que desqualificam o próximo, nos atos de injustiça, nas bisbilhotagens dos grampos telefônicos, nas intrigas calculadas para prejudicar um colega de trabalho ou estudo, nas falas e atos provocativos de qualquer espécie, etc.
Diante do obscurantismo de nossa época, da esclerose de idéias e de valores, da mediocridade de pensamentos que não consegue dar conta de entender a complexidade de nossa época e, sobretudo, a ausência de sabedoria em todos os setores da existência humana, só nos resta ficarmos de plantão para prevenirmos em relação ao protofascismo individual ou institucional. 
Ou seja, no cenário mundial contemporâneo, há indícios de aparecimento de um novo fascismo (o protofascismo) conforme apontamos no início desse artigo, projetando uma nova Auchwitz, ou outros novos movimentos movidos pelo ódio, que obrigam os diferentes a pregar no peito ou na alma suas ideologias tresloucadas, símbolos e atitudes de intolerância e de opressão do mais forte sobre os fracos. 
Infelizmente, o fascismo, nazismo e o racismo estão entre nós sob inocentes disfarces. (Já o terrorismo, pela sua própria natureza e modo cruel de expressão é de origem perversa e narcisista, gostando de se expor os seus efeitos e fetiches visando obter gozos "loucos" com o sofrimento dos outros). 
Contra o protofascismo, o nazismo, o racismo e o terrorismo resta-nos mais que nos defendermos, rápida e eficazmente, desmascará-los, desmantelar sua armação homicida e suicida, que pode aparecer em qualquer momento e em qualquer parte do mundo. Nossa senha deve ser: "não esquecer, resistir, denunciar e sobretudo apostar na VIDA, sempre!!!".

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